Cátedra UNESCO de Educação de Jovens e Adultos

A primeira Conferência Internacional da UNESCO em Elsinore


A primeira Conferência Internacional da UNESCO em Elsinore
Data: 23/05/2022

Publicado por Raymara Agra

 

EDUCAÇÃO DE ADULTOS EM RETROSPECTIVA 60 anos de CONFINTEA

“Sessenta anos de CONFINTEA: uma retrospectiva” 

 Ireland, Timothy.

A primeira Conferência Internacional da UNESCO em Elsinore

 

      A primeira Conferência Internacional da UNESCO de Educação de Adultos, realizada no International People’s College de Elsinore, de 19 a 25 de junho de 1949, enfrentou muitas dificuldades, o que explica por que a primeira reunião é vista hoje de uma forma negativa, com certa percepção retrospectiva.

  • Por exemplo, apresentou-se a queixa de que a educação de adultos ainda não era aceita, de forma geral, como uma entidade separada no contexto educativo nacional; que sua importância para mitigar ou reduzir os problemas contemporâneos não havia ficado explícita; e que a educação de adultos ainda era definida, em grande medida, de acordo com a noção anglo-americana de educação utilitária.
  • Foi feita referência às primeiras reuniões internacionais de educadores de adultos na Conferência de Cambridge, em 1929, e ao trabalho realizado pelas Seções da Associação Mundial de Educação de Adultos (por exemplo, na Conferência de Oberhof, em 1928), mas não houve evidência real de que isso tenha ocorrido.

      Em todos os comentários contemporâneos e posteriores, a queixa fundamental, forte e claramente exposta, foi a de que a Conferência Internacional “continuava sendo em essência uma Conferência Regional da Europa Ocidental sobre Educação de Adultos”. Isso está demonstrado estatisticamente no seguinte comentário de A. S. M. Hely:

Dos 79 delegados e observadores que ali se reuniram, 54 vinham de 14 países europeus e 14 da América do Norte. Onze delegados representavam o resto do mundo. O Egito, com apenas um delegado, era o único país do continente africano representado. Havia apenas um delegado de toda a América Latina. Três delegados, um da China, um do Paquistão e um da Tailândia, representavam a Ásia. Não havia nenhum representante dos países do Leste europeu ou das Repúblicas da URSS (HELY, 1962, p. 12).

 

      De forma similar, os nomes dos que foram convidados e realmente participaram da Conferência não refletiam adequadamente a dimensão internacional da educação de adultos naquele momento. A lista de delegados alemães inclui nomes que hoje já foram totalmente esquecidos, e o único nome que demonstra algum vínculo com a tradição do século XX é o de Heiner Lotze, que aparece como um “observador”, enquanto Hermann (George) Wedell e Alonzo Grace figuram em um lugar equivocado da lista.

      No entanto, essas reservas, algumas das quais são puramente formais, não têm tanto peso no contexto do conteúdo das discussões na Conferência e no impacto na reputação internacional da educação de adultos. Inclusive, Hely revisa essas críticas e declara explicitamente: “A Conferência de Elsinore marcou, indubitavelmente, um grande passo na cooperação e na consulta internacionais no campo especial da Educação de Adultos […]” (HELY, 1962, p. 12). O título completo da conferência, Educação de Adultos, sugere em si mesmo que o objetivo era chegar a uma descrição e a uma análise crítica do campo em sua totalidade. Dada a posição marginal da educação de adultos dentro da política educativa na maioria dos países europeus, com exceção do Reino Unido e da Escandinávia, essa não era uma meta acanhada. Alguns dos delegados e observadores já haviam ajudado a melhorar o apreço pelo valor da educação de adultos em seus próprios países (por exemplo, Hutchinson e Raybould, no Reino Unido).

      Pretendeu-se agrupar as discussões em torno das características da educação de adultos:

  • Objetivos
  • Conteúdo
  • Instituições e problemas de organização
  • Métodos e técnicas
  • Colaboração internacional no campo da educação de adultos (UNESCO, 1949, p. 7-27).

      Essa lista foi ajustada às comissões que logo se estabeleceram: a primeira, sob o título Conteúdo da Educação de Adultos, também cobria noções como Educação ao Longo de Toda a Vida (desde educação permanente até educação continuada), que então era vista como fora do estabelecido. Em geral, é fácil concordar com Roby Kidd em relação ao fato de que os debates da Conferência produziram “reflexão e introspecção” especializada e instrutiva, e uma expectativa positiva de que os meios de educação de adultos podiam ser utilizados para responder a preocupações sociais futuras. Não há dúvida de que isso esteve alinhado com o pressuposto generalizado que ainda era aceito nos países industrializados: de que o problema principal para planejar a vida individual e social no futuro seria, além da educação política, a questão sobre o que fazer com o aumento do tempo livre. E que a educação cívica estaria em condições de oferecer atividades “intencionadas” às pessoas.

      Essa orientação aplicada da educação de adultos, sua suposta capacidade para realizar um aporte crucial para bloquear as brechas social e política, percorre a recente história da educação de adultos na UNESCO. Isso ficou evidente, por exemplo, no título da primeira Conferência do Instituto da UNESCO para a Educação, que foi criado em Hamburgo, em 1952, depois de Elsinore. Essa Conferência teve um título programático similar: A Educação de Adultos como um Meio para Desenvolver e Fortalecer a Responsabilidade Social e Política (UIE, 2002, p. 22).

 

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