Cadastrado por: Jéssica Rodrigues
O Dia Internacional da Alfabetização nos lembra que a alfabetização é um direito humano fundamental e uma ferramenta indispensável para a cidadania, a inclusão e a justiça social. Sobre esse assunto Paulo Freire, nos dizia: “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, e é nesse diálogo entre a experiência de vida e a aprendizagem que se constrói uma educação verdadeiramente significativa.
Minha trajetória profissional tem sido marcada pelo compromisso com a Educação de Jovens e Adultos (EJA), especialmente com a Alfabetização. No programa Agora Vai, no município do Conde (PB), vivenciei de perto como cada conquista dos estudantes ultrapassava o domínio da escrita: era também o fortalecimento da autoestima, a ampliação das vozes e o despertar da consciência crítica. Como lembrava Freire, “alfabetizar é um ato de amor, por isso um ato de coragem”, e pude testemunhar esse amor e essa coragem, no olhar de cada educando.
Os estudos de Emília Ferreiro também nos mostram que aprender a ler e escrever não é um simples processo mecânico, mas uma construção ativa do sujeito sobre a língua escrita. Essa compreensão é essencial quando pensamos na EJA, pois cada pessoa jovem, adulta ou idosa que chega à escola traz consigo hipóteses, saberes prévios e experiências que devem ser respeitadas e valorizadas.
Do mesmo modo, Magda Soares nos recorda que alfabetização e letramento caminham juntos. “Não basta saber ler e escrever, é preciso saber usar a leitura e a escrita em práticas sociais”. Essa perspectiva reforça a importância de oferecer aos educandos oportunidades de viver a leitura e a escrita em contextos reais, que dialoguem com sua vida cotidiana e com seus projetos de futuro.
Como bolsista e colaboradora da Cátedra UNESCO de EJA, desde 2018, sigo aprendendo e apoiando a pesquisa, o ensino e a extensão na Educação de Jovens e Adultos, que promove aprendizagens a pessoas em diferentes fases da vida, desenvolvimento de suas habilidades pessoais, profissionais e humanas. Essa caminhada tem me permitido cada dia mais reafirmar a alfabetização como um processo contínuo, que se estende ao longo de toda a vida e que deve ser acessível a todos e todas, sem distinções.

Fonte: Arquivo pessoal da autora Jéssica Rodrigues (2018).
Celebrar o Dia Internacional da Alfabetização é, portanto, celebrar a esperança e renovar o compromisso com a luta contra todas as formas de analfabetismo. É defender políticas públicas e práticas pedagógicas que promovam inclusão, dignidade e emancipação. E, acima de tudo, é lembrar que alfabetizar não é apenas ensinar letras e palavras, mas abrir caminhos de liberdade e transformação.
Autora: Jéssica Rodrigues

Pedagoga pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica, Pós- Graduada em Educação Digital e em Neuroaprendizagem. Atualmente é professora da educação infantil do Espaço desenvolver, Professora do Instituto de Especialização Profissional (IEP) e colaboradora da Cátedra UNESCO de Educação de Jovens e Adultos. Foi Tutora no curso de Aperfeiçoamento da UFPB/MEC/SECADI na área da educação especial inclusiva. Atuou como Alfabetizadora de Adultos no município de Conde-PB.