O Grupo de Pesquisa "Ciência, Educação e Sociedade" (GPCES), cuja criação foi induzida em 1997 pelo CNPq no âmbito da implantação do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, começou suas atividades voltado para a questão do processo de escolarização da sociedade brasileira, tendo como objetivo geral o levantamento e a descrição do cotidiano escolar na Paraíba a partir da transição republicana.
Assim procedendo, esperávamos matizar os estudos que têm sido feitos em outras regiões em fase mais avançada de industrialização, contribuindo para a compreensão das relações entre educação e sociedade durante a República no Brasil como um todo. As características da cultura escolar urbana em ação naquela época na Paraíba nos permitiriam avaliar a amplitude territorial do processo histórico de modernização então deslanchado, bem como dimensionar a profundidade das transformações sociais propiciadas pela mudança de regime político no país.
Animado desde seu início pela interdisciplinaridade, vocação esta presente na própria denominação dada ao Grupo, o GPCES tem utilizado em seu cotidiano uma metáfora para exprimir sua compreensão das relações que existem entre as três palavras que o definem.
À imagem acima, foi retirada do famoso quadro Primavera, pintado por Sandro Botticelli por volta do ano de 1476.
O detalhe representa as três Graças da mitologia grega e foi escolhido para ilustrar plasticamente nossa concepção acerca das relações entre as três palavras que nomeiam nosso Grupo de Pesquisa: Ciência, Educação e Sociedade, escritas nesta ordem por razões puramente alfabéticas. Numa interpretação livre, porém contextualizada, da pintura das três graças (amor, beleza e prazer), a primeira coisa que sobressai, através da observação dos gestos realizados por elas, com as mãos, de dar, receber e devolver, é a ideia de ciclodinamizado pela dança expressa pela dinâmica retratada no movimento dos pés.
Ou seja, as relações binárias entre as três palavras são atravessadas por uma relação ternária que lhes dá unidade. É através das trocas, necessariamente sociais, que o ciclo se realiza percorrendo as três instâncias. Contudo, ao contrário da harmonia neoplatônica buscada por Botticelli, enxergamos nas relações entre Ciência e Educação, Educação e Sociedade, Sociedade e Ciência, tensões que imprimem ao ciclo características dependentes do tempo e do espaço. Foram exatamente essas características que buscamos investigar neste Grupo de Pesquisa nestes últimos dez anos.