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Concurso regional resgata importância do Braille

A iniciativa, da Rede de Leitura Inclusiva da Paraíba, abre inscrições nesta sexta (20), com todas as etapas online
publicado: 20/08/2021 13h33, última modificação: 20/08/2021 13h33

A Rede de Leitura Inclusiva da Paraíba, braço voluntário da Fundação Dorina Nowill para Cegos de São Paulo, abriu nesta sexta-feira (20) as inscrições para o I Concurso Regional “A importância do Braille em Minha Vida”.

#PraCegoVer: foto em cores aproximada de um dedo indicador lendo página em Braille. Crédito: Eren Li/Pexels.

O certame, voltado para usuários do Sistema Braille cegos e com baixa visão a partir dos 10 anos de idade dos nove estados do Nordeste, premiará os dois primeiros colocados de três categorias (divididas em faixas etárias) com dispositivos Alexa, kits pedagógicos e esportivos. As inscrições, gratuitas, são pelo formulário disponível na página do Facebook da Rede de Leitura GT Paraíba, aqui.

“O braile me trouxe identidade, uma consciência de pertencimento a um coletivo e a possibilidade de ler com autonomia e segurança ao realizar as minhas preparações para seminários e palestras”, reconhece Adenize Queiroz, professora doutora em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), presidente do Instituto dos Cegos de Campina Grande e integrante do comitê de organização do concurso.

O curioso é que, apesar de envolver uma tecnologia de quase 200 anos (o código só foi reconhecido como sistema de escrita em 1854, dois anos depois da morte do seu criador, o francês Louis Braille), o concurso será realizado todo a distância, com as redações enviadas por e-mail. A única etapa em que os candidatos atestarão a sua habilidade na leitura em alto relevo será por meio do envio de vídeos, que não têm caráter eliminatório.

Lendo o mundo com os dedos

O bibliotecário e musicista Josenildo Costa passou no vestibular muito antes da era das cotas. “Fazíamos tudo no peito e na raça, com reglete, punção e máquina Perkins [espécie de datilografia usada por quem não enxerga]”. Ele, que também domina as tecnologias assistivas, não abre mão do braile e o usa também para identificar os objetos de casa. 

Recentes pesquisas têm apontado que uma parcela superior a 60% dos deficientes visuais no Brasil tem substituído a invenção revolucionária de Louis Braille por leitores de telas, que já vêm embutidos nos smartphones. É consenso que a prática, conhecida hoje como “desbraillização”, acarreta prejuízos significativos no processo do ensino-aprendizagem, porque não ativa as mesmas áreas cerebrais responsáveis pela evolução da leitura e escrita.

Ao ouvir as histórias infantis narradas na escolinha, a professora de Letras Juliana Dantas ansiava pela possibilidade do desbravamento do Sistema Braille, que aprenderia logo na alfabetização. “Eu mergulhava no mundo das histórias que lia e entendi que não haveria outro modo de apreender as características da língua senão pelo braile. Ouvir não é se apropriar das palavras da mesma forma que senti-las”, sentencia ela, que hoje é revisora Braille do Instituto Federal da Paraíba. “Nesses tempos em que as tecnologias tomam o lugar do braile na vida dos deficientes visuais, a nossa proposta é mostrar que é possível combiná-las”, incentiva a professora Adenize.

 

Serviço:

Regulamento disponível aqui.

Categorias: 10 a 15 anos, 16 a 22 anos e acima de 23 anos

Inscrições: 20/08 a 20/09