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Com 582 mil cegos, demanda por livro em Braille cresce no país

Fundação que imprime livros no sistema aumentou produção em 82% para atender demanda de livros didáticos em Braille
publicado: 13/03/2019 11h09, última modificação: 13/03/2019 11h11

Márcio Neves/Portal R7
10/02/2019

"Eu amo ler, gosto muito mesmo", assim nos recebe a pequena Maria Eduarda, 8, algo normal, não fosse um único detalhe: ela é cega desde quando nasceu. Comunicativa, alegre e falante, ela foi alfabetizada na escola usando o sistema Braille. 

Foto: Márcio Neves

Em um país que tem 582 mil pessoas cegas, segundo dados do último censo, o braile é uma das principais maneiras destas pessoas poderem estudar, fazendo a demanda pelo material crescer no país.

"O Braille é o sistema universal e por meio dele que, principalmente, crianças que nascem cegas ou perdem a visão nos primeiros anos de vida são alfabetizadas e aprendem também matemática, química e física", diz Regina Oliveira, que é cega e coordena a revisão de livros em braile na Fundação Dorina Nowill.

A fundação mantém um dos maiores parques gráficos e conjunto de impressoras para produção de livros em Braille no país e com a demanda cada vez mais em alta, funciona 24 horas por dia para imprimir livros no sistema de leitura universal dos cegos.

"Nós ampliamos nossa produção de 80 mil, para 450 mil páginas por dia e até o final de fevereiro vamos entregar mais de 10 milhões de páginas em braile com conteúdo de livros didáticos", explica Alexandre Munck, superintendente da Fundação.

Essa produção de livros didáticos é considerada imprescindível para ampliar o acesso de pessoas cegas a conteúdo das séries iniciais de educação no país, que é assegurada por um decreto de lei de 2015, que garante conteúdo acessível a quem tenha alguma deficiência no país.

"Eu consegui fazer até o ensino médio e alguns cursos profissionalizantes pelo sistema Braille, mas no ensino médio, na época, eu mesmo precisei fazer a adaptação de alguns materiais para braile, que não estavam disponíveis", conta Lucas Matias, 22 anos.

Além dos livros didáticos, a Fundação também faz a transcrição de cardápios, catálogos e impressos corporativos. Pessoas com deficiência visual podem também solicitar a transcrição de materiais de estudos e de apoio pessoais gratuitamente.